A imprensa pública de Angola noticiou esta segunda-feira que a Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana notificou já a empresária Isabel dos Santos para prestar declarações no âmbito do inquérito em curso sobre a sua gestão à frente da empresa Sonangol.
Tanto a Televisão Pública de Angola como a Rádio Nacional de Angola noticiaram que a empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos foi notificada a 17 deste mês.
A 15 de novembro de 2017, o então novo chefe de Estado angolano, João Lourenço, exonerou Isabel dos Santos da presidência do Conselho de Administração da Sonangol, nomeando para idênticas funções Carlos Saturnino, que, até dezembro de 2016, fora presidente da Comissão Executiva da Sonangol Pesquisa & Produção.
Nomeada em junho de 2016 pelo então presidente angolano José Eduardo dos Santos, de quem é a filha mais velha, Isabel dos Santos acabaria por demitir Carlos Saturnino, acusando-o de má gestão e de graves desvios financeiros.
A 02 de março deste ano, a PGR abriu um inquérito para apurar as denúncias feitas dois dias antes pelo atual presidente do Conselho de Administração da Sonangol, que acusou a empresária de, pouco depois de exonerada, ter feito transferências no valor superior a 38 milhões de dólares para uma empresa no Dubai.
Num comunicado, a PGR indicou então que o inquérito visa “investigar os factos ocorridos, bem como o eventual enquadramento jurídico-criminal dos mesmos“. As conclusões do inquérito, ainda segundo o comunicado, “serão oportunamente levadas a conhecimento público, sem prejuízo do segredo de Justiça”, mas até hoje não foram revelados.
A decisão da PGR ocorreu dois dias depois de o presidente do Conselho de Administração da Sonangol ter denunciado a saída de montantes avultados em nome da empresa Matter Business Solutions DMCC, com sede no Dubai.
Dias depois, Isabel dos Santos negou as acusações e considerou-as “infundadas”, afirmando-se “confortável” com o inquérito aberto pela PGR, desafiando o presidente da Sonangol a apresentar a demissão.
Isabel dos Santos acusou Carlos Saturnino de “procurar buscar um bode expiatório para esconder o passado negro” da empresa, realçando o facto de ter encontrado em 2016 a Sonangol em “falência”.
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